quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A quem interessar possa para uma nova etapa, há algum tempo estou escrevendo no blog Versos Inominados. É um projeto diferente, que ao invés de desabafar sobre perdas e a morte, fala de vida e de recomeços.
Confiram lá! espero que gostem.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Uma hora, e não estou certo se agora
Foi a hora que rezava por teu alívio 
Duas horas, e mais me torturava a tua dor
Três horas... não sei ao certo do frio que sentia
Se do teu calor que se esvaia
Não sei se mais me atormentava o não ter-te ou o teu sofrer
Por amor orei por tua partida
Por amor me odiei mas admiti (por um instante) a despedida 
Tão doce o teu sorriso... mas esfaleceu
Tão grande o brilho desses olhos que tão cúmplices meus
Lembro-me bem apenas 
Se se evidenciava tua mortalidade
Junto a ti em teu leito escutava atenta teu coração 
(que por mim batia).

Seis longos anos e ainda escuto o palpitar
Mas talvez sejam ecos flagelados
da minha solitária emoção.

domingo, 4 de agosto de 2013

Que você esteja em paz meu anjo, desprendido de mim como infelizmente não posso dizer que estou totalmente de você. 
Hoje, quando fazem 4 anos que você se foi para um lugar que não posso alcançar, tentei de todas as formas evitar que as lágrimas viessem. 
Tolice minha. 
Ontem mesmo fiquei engasgada falando em ti, ao tentar explicar para um amigo descrente no amor, de que ele não só era possível como libertador e, que na verdade, ainda que sejamos suficientes a nós mesmos, só percebemos o engano desta afirmação, quando encontramos uma plenitude maior ainda com e no outro. 
Como já disse inúmeras vezes, a parte ainda te amo. E talvez meu maior medo seja justamente não poder sentir novamente e com recíproca todos os sentimentos que nutrimos um pelo outro. 
Fracamente, esses quatro anos da tua morte podem se converter em quatro séculos, que ainda sentirei o peso da tua falta, e isso, é minha maior prisão, porque ainda que a vida continue, e que eu quase não pense em ti, tenho que aprender a não comparar-te aos que vierem e me livrar da ideia de que sempre falta algo. 
Porque sim, desde o momento em que entrastes na minha vida, fostes o todo que crescia em mim exponencial e infinitamente me tornando plena e, deste então, não consigo ignorar tudo isso e me contentar em sentir menos.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Sonhei contigo noite passada. E foi a única vez desde que partiu. Setecentos e noventa e quatro dias depois da tua partida... tanto tempo, muito tempo para quem não passava nem algumas horas longe. De fato me injuriava, por saudades e talvez até ciúmes, que apenas eu, justo eu, não pudesse te ver nem em meus sonhos. E setecentos e noventa e quatro dias depois, já corrido tanto tempo, quando achava que não poderia mais, sonhei contigo. Em meu sonho, eu estava em um lugar qualquer, com pessoas que nem sei quem são, pegava então minhas coisas apressada porque tinha algo a fazer, ao sair, alguém se aproximou do enorme portão marrom, desses que parecem de garagem, e acionou a sua abertura. Enquanto se elevava o maciço portão, eis que tua imagem aparecia.
Estava com o mesmo jeans, a mesma camisa preta com listras azuis que te comprei, o mesmo terno em veludo chumbo, os mesmos óculos e, o mais importante, o mesmo olhar. O mesmo olhar terno, aconchegante, com a serenidade e a ironia que só tu conseguias harmonizar. Sorria de certo modo e me deixava ir. Eu tão apressada, não parava, não lhe indagava, não perguntava dos porquês que ficaram me torturando por todo esse tempo (ahh e como esses porquês me torturaram). Não corria para abraçar-te, coisa, aliás, que sempre tive a sensação que seria a primeira a fazer quando te visse, é que meus braços ficaram tão vazios depois da tua partida. Mas ali, diante de ti, embora pudesse me aproximar e sentir teu abraço, teu cheiro, te sentir ao menos uma vez mais, apenas segui apressada para algo que não sabia ao certo o que era, mas que precisava fazer ou encontrar, provavelmente com uma paz e uma liberdade absolutamente inesperada.
Não sei ao certo se foi sonho ou uma visão mítica. O certo é que, talvez, mesmo em meu sonho, precisasse correr ao encontro da vida e só tu poderia abrir a porta que ainda me prendia.
Tu que me trouxe tanta vida quando me amou e se permitiu ser amado, mas que também me condenou a uma dor tão intensa e profunda ao partir. Tu que me deu alma, verso, melodia ar... e tu que por amor e pela saudade aprisionou meu espírito, ontem, naquele sonho, me libertou novamente.
Tu bem sabe que voltei aos poucos a me encantar pela vida, faz alguns meses, poucos na verdade, mas voltei a ver cor nas coisas a minha volta, e poesia, e rima, mesmo no nada.

Meus versos hoje não são mais para ti e, nós dois sabemos, por mais que eu negasse, que cedo ou tarde isso aconteceria. Consegui me libertar da culpa que senti por viver sem ti e por “trair” nosso infinito e inabalável amor, embora lute algumas vezes com as lembranças de nós, e de ti, dos teus olhos que sempre me afagavam a alma. Mas é verdade que não te busco mais nas coisas que faço ou me declaro nos versos que escrevo. Não posso negar também que ainda te amo e sempre amarei, todavia aprendi a amar-te à parte e, só te amando a parte, é que aprendi e consegui finalmente amar novamente as pessoas e a vida.

sábado, 4 de agosto de 2012

o tempo passa

A data de hoje marca o dia mais difícil da minha vida. Três anos atrás, no raiar do sol, um médico me dizia que todos os planos, todos os sonhos contigo acabariam em alguns dias. Tudo que você fez foi negar aquela afirmação, que todos estavam errados, e que você cumpriria sua promessa de ficar ao meu lado. Não quis ver ninguém, mas pediu para que minha mãe viesse ficar conosco, queria me proteger por certo. O dia foi cruel, eu não consegui acreditar que tanta luta, tanto querer acabavam ali. Logo à noite, não respondia mais, a morfina tomou seu consciente. E a única força que eu consegui juntar naquele momento foi para implorar que os mestres viessem ao teu auxílio e acabassem com teu sofrimento. Foi a coisa mais difícil que fiz na minha vida. Abrir mão de você, foi como abrir mão de mim mesma. Foi doloroso demais e ainda é. Não choro mais tua ausência, me conformei com ela. Não chamo mais teu nome, para mim tornaram isso proibido. Ainda me lembro de que, deitada ao seu lado como de costume, ouvia as batidas do teu coração e não acreditava que aquilo estava acontecendo. Foi este o último dia que tive contigo, dia 3 de agosto de 2009, e na madrugada seguinte foste tirado da minha vida e parte da minha vida tirada com você. Ainda sinto saudades, mas me acostumei com a ideia de que devo seguir em frente... e tenho tentado ir... apenas não tive sorte ainda. Penso bem menos em você... mas isso também não torna as coisas mais simples, pois abdicar de você implica abdicar sempre mais um pouco de mim. Espero que um dia você deixe de povoar definitivamente meus pensamentos.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Cantei com a melodia do zunir do sopro do vento
Dancei no ritmo frenético das folhas ao vento
E quando supus estarem atentas as flores da cerejeira
Sorri o riso do adeus
Entoei a balada do choro contido
Embalei-me na marcha do sentir bandido
Te cantei os meus versos, meus versos e meus restos de felicidade
Te compus o poema do choro e do riso que não me dão paz
Te escrevi o sentido daquilo sentido que não tenho mais.

Caminhei sobre pedras concretas de concreta realidade
De desesperanças morridas então fugidas da minha bondade
Corri entre os caminhos tão retos que tortos ficaram
Me escondi onde o vento do vento 
e o sopro do vento não mais me atacam
E escorri todo encanto do canto dos versos que te fiz
E cessei toda dança com a desesperança que me permiti afligir

domingo, 1 de janeiro de 2012


A grande certeza da vida é apenas a dor. Não se trata de uma visão pessimista de mundo, mas de um fato. Na queda do homem, quando a felicidade até então imperava, mas Adão e Eva abriram mão do paraíso, Deus subjugou toda a continuidade da eternidade no aprendizado e na busca da felicidade. Não que quisesse ele nossa dor, mas porque a dor e o sofrer parecem ser o único caminho para o aprendizado. É difícil reconhecer, porém a eterna busca da alegria é que deve nos tornar melhores. Trata-se de despertar e valorizar cada minuto da própria vida, de sentir cada emoção e se vislumbrar com cada instante de alegria. O certo é que, além disso, tudo é sofrimento. Pode ser decepcionante viver, pode ser duro e até cruel, ou se pode num flerte com o próprio destino redescobrir emoções que só podem ser conhecidas ou reconhecidas no entendimento de si mesmo e de toda a complexidade que exige o viver.
Mas o fato de que falava é que é mais fácil ser infeliz do que feliz, ou na melhor das hipóteses deixar-se levar pelos dias como se tudo estivesse bem. Assim fazem a maioria dos viventes, fazem o mundo sem consciência de si. Cada dia é mais um e depois dele haverá outro, mais outro e mais outro. Como um piloto automático na pretensa racionalidade existe uma irracionalidade de negar a finitude. Talvez por isso o primeiro e único sinal de vida naturalmente esperado quando viemos ao mundo seja o próprio choro e, no entanto, a partir daí, somos educados a não chorar, não reclamar o que pretendemos de fato. Quando crianças nosso choro incomoda aos adultos, meninos não podem chorar nunca, meninas quando choram é porque são sentimentais em demasia. Existe muito mais nesse diálogo, o choro é o clamor do sofrer ou do desejo, e a manifestação dele é simplesmente inadmissível neste mundo projetado na hipocrisia do não ser para ser aceito. É insuportável ao mundo manifestarmos o querer, o sentir, e o querer e o sentir remetem ao sofrer quando não alcançados. O que se depreende disso é que nos mantemos num círculo vicioso em que emoções não vividas e sentimentos reprimidos inevitavelmente nos levam ao princípio de tudo, grande certeza da vida é apenas a dor. Não se trata de uma visão pessimista de mundo, mas de um fato e, num flerte com o próprio destino, é que podemos redescobrir emoções que só podem ser conhecidas ou reconhecidas no entendimento de si mesmo e de toda a complexidade que exige o viver.